O SAPO METIDO A HEREGE QUE ACREDITOU NA CRENTE ESCORPIÃO

“É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida.” Abraham Lincoln

1- Era uma vez um sapo herético que sempre se deu mal na vida, azarado como sempre foi: não era próspero e, quando progredia, progredia muito pouco sem que isso mudasse substancialmente suas condições de vida. Apesar dos alívios casuais e pontuais, sempre levou uma vida difícil. Vivia como podia procurando não ser um estorvo para ninguém. Embora nem sempre tivesse êxito nisso também! Inúmeras foram às vezes que suas dificuldades o impelia, contra a sua vontade, a recorrer aos outros para diante de certos problemas, grande o suficiente, que sozinho não conseguia resolver. A vida difícil desse sapo nem sequer lhes dava o direito, a dignidade de cultivar um mínimo de orgulho que todo o ser nesse planeta merece. Esse sapo em uma das suas vidas passadas foi “crente”. Tinha abraçado firmemente o cristianismo do tipo batista- evangélico acreditando ingenuamente que esses seres constituíam uma assembleia de comvertidos. O tolo sapo bobão acreditou como um lezo que convivia entre bichos, insetos e os demais animais que havia mudado de vida radicalmente após ter aceitado o Cristo deles e adotado seus ensinamentos em sua vida cotidiana e que daí por diante todos passaram a se considerarem iguais e melhores seres do que foram em sua vida anterior. Que todos haviam passado pela experiência da metanóia, isto é, da mudança de sua natureza mal - dita, “pecaminosa” e que havia se transformado numa nova criatura. Mas, por que será que o sobrenome do sapo era “herético”? Esse apelido foi colocado pelos seus “companheiros” de fé depois dele, o sapo, ter passado por outras experiências de conversão que o fizeram duvidar e questionar do repetitivo e insistente discurso da bondade que seus “irmãos” juravam de pé junto praticar. Apesar desses “irmãos” sempre realizarem seus rituais religiosos, tais como, orarem em agradecimento a divindade antes de fazer qualquer refeição, darem oferta e irem ao culto dominicalmente e serem tão devotados em manter uma aparência piedosa para a plateia.
2- Pois é, o sapo, recebeu a pecha de “herético”. Pois todos os que duvidam e contestam o discurso do grupo políticos ou religioso da qual fazem parte, passam a serem vistos, chamados e tratados desse jeito pejorativo. Mas, o sapo fora com – vertido nisso, num “herético”. A conversão ou com – versão, nada mais é que uma espécie de socialização ou assimilação dos valores e convicções da sociedade que o indivíduo experimenta ao viver dentro dela. A mudança não é produto exclusivo da pessoa, mas dela com os demais ao seu redor, por isso é uma versar com ou com/versão! Tanto na grande sociedade como nas pequenas que vivem em seu interior. O que os sociólogos do mundo ocidental denominam de conversão, os mesmos pensadores do mundo islâmico chamam de “reversão”. Isto é, o ser abandona sua atual “natureza” má e retorna a sua antiga “natureza” boa. Mas, como esse sapo é ocidental, o discurso que o constitui, que o atravessa, é cristão, variando apenas nos detalhes exteriores. Mesmo que não queira se integrar a nenhum grupinho específico, não escapa da catinga cristã que subjaz da cultura que está imerso. Ele, querendo ou não, o exala pelos seus poros. O sapo em questão se encontrava nessa situação. Depois que começou a duvidar [do] e a questionar o discurso do seu grupinho gospel tornou-se repulsivo para os demais companheiros eclesiásticos e no máximo, pouco tolerados pelos mesmos, mas mesmo fora, cultivava certos valores e crenças assimiladas dentro da antiga igrejinha ou do antigo inferninho evangélico da qual pensava ter rompido em absoluto.
3- Entre os antigos irmãos em Cristo desse sapo, da época de quando ainda fazia parte dessa igrejinha havia um escorpião evangélico. Ou melhor, era um escorpião, fêmea. Sempre zelosa em seus afazeres religiosos dominicais, devota nos finais de semana e em muito piedosa diante de públicos selecionados. Para certas plateias, fazia questão demostrar o quanto era convertida, educada e bondosa. O quanto tinha uma estirpe genuinamente cristã. Boa atriz conseguiu até convencer os mais céticos que havia mudado a sua natureza de escorpião. Sua camuflagem era quase perfeita até quando ficava de TPM. Época onde tinha muita dificuldade de esconder sua real natureza venenosa, danosa e mortal. Afinal de contas ela era um escorpião de nascença que acreditava ter sido salva por Cristo e virado outro bicho, talvez uma pomba: quem sabe?!
4- O problema não era esta natureza dela, mas a credulidade do sapo que se achava tão sabido, crítico e cético. O sapo mesmo tendo rompido com o inferninho evangélico da qual fazia parte, carregou com ele sobras de suas antigas crendices. Ele, sem se dar conta disso, sem resolver o que fazer com as ingenuidades e bobagens entulhadas em seu coração por anos de doutrinação no grupo que frequentou, continuou pensando que o dito escorpião que por acidente histórico transita também dentro da sua família, havia se convertido. Que havia mudado sua natureza de escorpião. Essa foi a sua grande bobagem, sua enorme burrice! Escorpiões jamais se convertem!
5- Certa vez, o lascado sapo herético de meia tigela, precisou da ajuda dela. Havia recentemente mudado para a cidade onde ela morava e também gasto todo o seu dinheiro com a mudança e a instalação da sua família na casa onde hoje vive. O sapo crente na “bondade” desse escorpião cristão, dessa da irmãzinha em Cristo, precisou da ajuda do seu motorista e servo particular que ela chama de marido para poder se deslocar para os lugares distantes onde precisava resolver problemas burocráticos oriundos dessa sua mudança. O sapo bobão achava que podia, mas não podia não! Bobeou e se lascou. A irmã escorpião, logo, logo, passou a tomar abuso do sapo, achando-o “folgadão”. Mas o sapo, tentando não incomodar ela e ninguém sempre perguntava de diversas formas, direta e indiretamente se podia requerer a sua preciosa ajuda. Ela sempre, nessas ocasiões, se mostrava solícita. O sapo insistia: posso pedir tua ajuda? –A dita cuja dissimuladamente dizia: Poooode! – Mas, você não vai me picar né? – Jamais! Sou crente graças a Deus! Sou uma nova criatura em Cristo! Deixei de ser um escorpião venenoso, virei uma pomba! Pois é, o otário do sapo barbudo acreditou e recorreu a ajuda dela. Resultado, nem precisou chegar ao meio do rio ou no meio do ano ou terminar a TPM dela: o escorpião que se diz evangélica picou o sapão e o escorraçou de sua casa do mesmo jeitinho como fez com outra sapa, não por coincidência, parente do marido dela no passado recente.
6- Bem feito para tu sapo barbudo metido a herético e a historiador! Quem mandou acreditar no impossível: acreditar que escorpiões pode ser outra coisa senão escorpiões! Vê se tu aprendes agora a ser um herético de verdade, a duvidar de tudo e a contestar os discursos estabelecidos! Seja, no mínimo, um historiador competente: aprenda com o vivido agora narrado para que não repita essa experiência ruim outra vez. Pois numa próxima vez, a ferroada, ou porrada pode ser pior e tu se lascar de uma vez por toda.
DesProf.Perixoto.

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