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Mostrando postagens de abril 15, 2015

O SONHO DOS RATOS, por Rubem Alves

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O SONHO DOS RATOS, por Rubem Alves Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do assoalho de uma casa velha. Havia ratos de todos os tipos: grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, da roça e da cidade. Mas ninguém ligava para as diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: um queijo enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo seria a suprema felicidade…Bem pertinho é modo de dizer. Na verdade, o queijo estava imensamente longe porque entre ele e os ratos estava um gato… O gato era malvado, tinha dentes afiados e não dormia nunca. Por vezes fingia dormir. Mas bastava que um ratinho mais corajoso se aventurasse para fora do buraco para que o gato desse um pulo e, era uma vez um ratinho…Os ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam. O ódio a um inimigo comum os tornava cúmplices de um mesmo desejo: queriam que o gato morresse ou sonhavam com um cachorro…

Não há ninguém no texto - NINGUÉM - além do escritor.

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Osvaldo Luiz Ribeiro 7 h · Editado · O equívoco de quem insiste em transformar a exegese em "busca pela memória", em "pesquisa pelas relações orais" é que, no fundo, ainda se trata o texto como os velhos fundamentalistas... Os fundamentalistas levam a sério a narrativa, a história contata: o dilúvio, as muralhas de Jericó, a mulher de sal e coisas do gênero. Eles ainda estão vidrados nos personagens. Eles só conseguem pensar nos personagens... Será que eles não sabem que não há personagens de verdade? Será que eles não sabem que cada personagem tem uma e uma única alma? Será que eles não sabem que, se Jesus escreve na areia, é porque o escritor mandou? Que, se Jesus fala, é o escritor que fala, se Jesus cala, é o escritor que cala? Cada vez que um personagem da Bíblia fez um gesto, é a mão do escritor que controla esse gesto. Cada vez que um personagem levanta a mão, o pé, a cabeça, é o escritor quem o move... Não há ninguém no texto - NINGUÉM - além d

Deus é um déspota

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Osvaldo Luiz Ribeiro 8 h · A despeito da auréola que o Papa, os padres, os pastores, a Teologia e os teólogos põem na cabeça de Deus - sim, do deus cristão, incensando-o com retóricas de amor aqui, amor ali, Deus é um déspota. Não há absolutamente nada de democrático nele e seu amor vale apenas para aqueles que se curvam, obedientes e de boca calada. Não se curvam, pau no lombo. Não se curvou até o fim, inferno. Há quem ande a querer tirar o inferno, mas não vai ver o teólogo que quer tirar o inferno tirando a necessidade de curvar-se... Por que Deus é um déspota? Essa é fácil: porque foi criado por déspotas em uma época de déspotas. Não há nada que se possa fazer a respeito. Só inventando outro.

Novo Testamento é história "oficial"

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Osvaldo Luiz Ribeiro Para quem tem boa vontade, espírito crítico, curiosidade, apenas um fato - dentre tantos! - serviria para deixar claro que a história do Novo Testamento é história "oficial", como a história do "descobrimento do Brasil". Na verdade, há mais verdade na versão do "descobrimento" do Brasil do que na versão da história de Jesus no Novo Testamento. A tradição mais antiga que se pode recuperar - e nem por isso é historiográfica, senhores! - sobre as testemunhas da "ressurreição" de Jesus dá conta de que foram as mulheres. Depois, as mulheres dão lugar a Pedro. Depois, acrescenta-se João. E as mulheres praticamente somem... É mais uma história de encobrimento do que de descobrimento. Não vejo razão para não se encararem os fatos. Basta ter amor incondicional pela verdade... Mas, se o sujeito acha que a verdade é a doutrina, que, por sua vez, construiu-se sobre essa série política e programática de encobrimento